Walter Murch, editor e vencedor de um Oscar da Academia por “Apocalipse Now”, explica o porquê das fortes dores de cabeça, quando se assiste a um filme a três dimensões.
Depois de ler uma crítica do jornalista do Chicago Sun Times, em que Robert Ebert criticava abertamente o 3D do filme “Green Hornet”, de Michel Gondgry, o editor e director de som de vários títulos conhecidos de Hollywod, Walter Murch, escreveu uma carta em que tentava resumir os pontos fulcrais, da razão de começarem a existir fortes dores de cabeça após 20 minutos de visionamento da nova tecnologia, tão em voga nos tempos correntes. Numa carta ao jornalista, explica:
“O maior problema com o 3D, é o assunto ‘convergência/foco’ [ponto de convergência]. Outros problemas – como a escuridão e a ‘pequenez’ – são, em teoria, resolvíveis. Mas o problema mais profundo é que a audiência tem necessidade de focar os seus olhos à plenitude do ecrã – vamos dizer, a 25 metros de distância. Isso é uma constante, não existam dúvidas”, começou por dizer.
“Mas os nossos olhos têm obrigatoriamente de, talvez, convergir apenas a quatro metros, depois a oito, depois a 40, e assim sucessivamente, dependendo da ilusão que se trata. Portanto, os filmes a 3D requerem que nos foquemos a uma distância e que nos convergimos a outra. E num período de evolução de 600 milhões de anos, nunca nos foi apresentado este problema. Todos os seres vivos com olhos, sempre convergiram e focaram no mesmo ponto”, concluiu.
Para finalizar a sua teoria, Murch remata:
“Isto pode não convencer aqueles que ainda não tiveram dores de cabeça, eu próprio não tive, mas é necessário que se procure um lugar menos ideal numa sala com um filme a 3D, pois asseguro que ficará com a cabeça desfeita como toda agente.”
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